terça-feira, 26 de junho de 2012

Palavras e mandalas


Quando eu era pequena, devo confessar para vocês minhas vontades de criança, eu adorava ficar gripada. Primeiro, porque minha mãe me enchia de mimos e eu podia ficar horas na cama, brincando, lendo ou vendo televisão (naquele tempo computador pessoal era coisa de livro de ficção). Em segundo lugar, porque eu podia faltar na escola, e quando eu voltasse para as aulas ia ter um monte de colegas perguntando o que houve e eu teria um monte de histórias pra contar.
Só que quando a gente cresce ficar gripado não é uma coisa tão legal assim. As obrigações de adultos são coisas que muitas vezes não podemos adiar. Mas não teve jeito, hoje fiquei mega gripada. Com direito a dor no corpo, moleza, nariz escorrendo (eca!) e a garganta arranhando. Tive que parar e descansar.
Bom, conversa vai e conversa vem, aproveitei meu descanso forçado e pensei: eu sempre gostei de palavras. Passei muito tempo pra perceber que nem todas as pessoas precisam delas faladas ou escritas para se expressarem. Existem as pessoas que falam de outras maneiras. Os dançarinos e atletas se comunicam pelo movimento; os pintores pelas cores e formas; e até através das coisas mais comuns a gente pode encontrar maneiras de falar com o mundo.
Criança é muito bom, porque fala de muitas maneiras. Ganhei de alguns alunos meus, o Victor, a Brenda e a Bruna, algumas mandalas criadas por eles. Achei incrível! Trabalho com mandalas e criança já faz algum tempo elas sempre me surpreendem (as duas!). Não é fácil fazer uma mandala. Exige equilíbrio, percepção, sensibilidade, criatividade. O trabalho dos três ficou demais! Traços fortes. Palavras em forma de mandalas.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Poeminhas para ajudar

Quem foi que disse que gente grande não tem dúvidas? Eu tenho várias. Uma delas eu resolvi com poesia. Pois é, a poesia não serve só aos corações apaixonados ou para treinar rimas. A poesia transforma o mundo em palavras.
Bom, mas vamos ao que interessa. Uma coisa me encafifava. Afinal quantos tipos de porquês nós temos.E pra fazer a criançada entender todos eles? Nossa língua é bem complicadinha e inventa muita moda. E os porquês são uma dessas modas. Tem hora que é junto, separado, com acento e junto, com acento separado! Aí eu pensei, pensei, rimei e poetei. Um poema para ajudar a quem quer entender os porquês.

Os porquês

Não entendo o porquê,
Do “porquê” ser assim tão inconstante!
Então, na minha cabeça,
Fiz uma combinação deveras interessante.

Quando a dúvida aparece,
E alguma pergunta eu faço
O “porquê” separa as mãos,
Confuso desfaz o laço.

Porém quando a resposta
Na minha cabeça amanhece,
Traço o “porquê” de mãos dadas,
A certeza une, esclarece.

Algumas vezes ele muda,
Em substantivo se transforma
Ganha um ” chapéu” diferente,
Junta as mãos e forte se torna.

Não é só isso amiguinho,
Temos ainda um “porquê”,
Que também usa “chapéu”,
Eu vou explicar pra você.

Quando ele está no final,
Antes de um ponto qualquer,
As mãos ele separa
E um “chapéu” ele quer.

Com essa brincadeira,
De rima bem ensaiada,
Os “porquês” não sairão
Da memória da criançada.


Da minha cabeça eles não saíram mais!