domingo, 2 de setembro de 2012

É hora de votar!

Quando eu era pequena achava o horário político uma coisa muito chata. Depois eu cresci e passei a achar uma coisa mais chata ainda. Quem é que para na frente da televisão pra assistir um monte de gente falando sempre as mesmas coisas? Eu acho que todos sempre decoram os mesmos textos e são a solução de todos os problemas.
Estamos em época de eleição e ,afinal, o que as crianças têm a ver com isso? Criança não vota. Pois é, não vota, mas pode começar a pensar em quem vai tomar conta das coisas que serão delas depois. O que for feito agora vai durar por muito tempo. Então é melhor que os políticos façam coisas boas. Mas como entender essa coisa tão confusa que é a política? Já pensou começar a falar daquelas coisas que têm nome complicado e que até muita gente grande não entende?
Eu já era grande quando li um livro para os meus alunos que foi incrível. O Reizinho Mandão da Ruth Rocha. Ela é demais,adoro os textos dela. Um reizinho que manda e desmanda e não deixa ninguém dar opinião. Já pensou ser comandado por um governante assim? Nosso país já foi. É sempre bom a gente não esquecer das coisas ruins pra não querer que elas voltem. Um outro livro que as crianças me indicaram (é isso mesmo, criança também ensina adulto) foi o Passarinhos e gaviões, do Chico Alencar. Uma história muito boa de passarinhos que se transformam em gaviões e botam medo em todo mundo. Nosso país já passou por isso também.
Eu, como gente grande que sou, quero um país melhor, pra mim e pra todo mundo. Aí é que entra a hora de escolher quem toma conta dele. Que sejam pessoas honestas e trabalhadoras, porque temos muito o que fazer por aqui. Pensando nisso eu inventei uma historinha sobre uma cidade que ninguém queria nada com nada. Uma cidade que todo mundo deixava tudo pra lá.
"Nessa cidade imperava uma paz muito estranha. É certo que viver em um lugar sem guerras é bom, mas na cidade do “Deixa pra Lá” ninguém discutia por nada. Nem por coisas bobas, dessas que realmente não vale a pena discutir, mas também não havia discussões sobre coisas importantes, aquelas que podem mudar a vida das pessoas. Aliás, nessa cidade, mudança era uma palavra pouco usada. E para que ninguém esquecesse a fama da cidade, todos os moradores ostentavam, por ordem de uma lei do prefeito, uma plaquinha na frente das casas com os seguintes dizeres:
“Deixe como está, pra ver como é que fica.”
Por isso os governantes eram sempre os mesmos, os cientistas nada inventavam e as escolas pouco ensinavam..."
É claro que as coisas começaram a mudar. E pelas mãos de um menino muito curioso chamado José e seus dois amigos Bola e Palito, que achavam aquela coisa de não mudar nunca um tédio. Na vida real quem faz as mudanças somos nós mesmos. Tá na hora de votar!!!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mais poeminhas pra ajudar


Já falei que gente grande tem dúvidas também, não é? Gente grande tem umas esquisitices, umas manias estranhas. Eu por exemplo adoro advérbios. Acho que é porque meu pai falava que ele era mais importante até que os verbos numa frase. Papinho chato esse negócio de classe gramatical...o melhor mesmo é poetar pra entender melhor:


ADVÉRBIO

“Não é o verbo,e o advérbio!”,
Já dizia meu velho pai.
Quem tinha alguma dúvida,
Essa dúvida hoje se vai

É só observar com atenção
Alguém praticando uma ação.
Vou dar um exemplo:
A moça cantando a canção.

Quando canta alegremente
Já posso imaginar
Alegria, festa e semente
De tudo que é bom a germinar.

Mas quando canta tristemente,
Eu me entristeço também.
Será que chora sozinha,
Ou está chorando por alguém?

Se em casa ela chega,
Cantando nervosamente,
Meu coração fica aos pulos
Com medo de algum incidente.


Porém quando a canção
Dos seus lábios sai suavemente
Logo me embalo em seu colo
E sonhos vêm a minha mente.

Agora já entendi
Não importa apenas a ação,
O modo como ela é feita
Muda toda a situação.

Aprendendo dessa maneira,
Seja verbo ou advérbio
Uma coisa eu vou dizer:
Dessa lição nunca vou me esquecer!


terça-feira, 26 de junho de 2012

Palavras e mandalas


Quando eu era pequena, devo confessar para vocês minhas vontades de criança, eu adorava ficar gripada. Primeiro, porque minha mãe me enchia de mimos e eu podia ficar horas na cama, brincando, lendo ou vendo televisão (naquele tempo computador pessoal era coisa de livro de ficção). Em segundo lugar, porque eu podia faltar na escola, e quando eu voltasse para as aulas ia ter um monte de colegas perguntando o que houve e eu teria um monte de histórias pra contar.
Só que quando a gente cresce ficar gripado não é uma coisa tão legal assim. As obrigações de adultos são coisas que muitas vezes não podemos adiar. Mas não teve jeito, hoje fiquei mega gripada. Com direito a dor no corpo, moleza, nariz escorrendo (eca!) e a garganta arranhando. Tive que parar e descansar.
Bom, conversa vai e conversa vem, aproveitei meu descanso forçado e pensei: eu sempre gostei de palavras. Passei muito tempo pra perceber que nem todas as pessoas precisam delas faladas ou escritas para se expressarem. Existem as pessoas que falam de outras maneiras. Os dançarinos e atletas se comunicam pelo movimento; os pintores pelas cores e formas; e até através das coisas mais comuns a gente pode encontrar maneiras de falar com o mundo.
Criança é muito bom, porque fala de muitas maneiras. Ganhei de alguns alunos meus, o Victor, a Brenda e a Bruna, algumas mandalas criadas por eles. Achei incrível! Trabalho com mandalas e criança já faz algum tempo elas sempre me surpreendem (as duas!). Não é fácil fazer uma mandala. Exige equilíbrio, percepção, sensibilidade, criatividade. O trabalho dos três ficou demais! Traços fortes. Palavras em forma de mandalas.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Poeminhas para ajudar

Quem foi que disse que gente grande não tem dúvidas? Eu tenho várias. Uma delas eu resolvi com poesia. Pois é, a poesia não serve só aos corações apaixonados ou para treinar rimas. A poesia transforma o mundo em palavras.
Bom, mas vamos ao que interessa. Uma coisa me encafifava. Afinal quantos tipos de porquês nós temos.E pra fazer a criançada entender todos eles? Nossa língua é bem complicadinha e inventa muita moda. E os porquês são uma dessas modas. Tem hora que é junto, separado, com acento e junto, com acento separado! Aí eu pensei, pensei, rimei e poetei. Um poema para ajudar a quem quer entender os porquês.

Os porquês

Não entendo o porquê,
Do “porquê” ser assim tão inconstante!
Então, na minha cabeça,
Fiz uma combinação deveras interessante.

Quando a dúvida aparece,
E alguma pergunta eu faço
O “porquê” separa as mãos,
Confuso desfaz o laço.

Porém quando a resposta
Na minha cabeça amanhece,
Traço o “porquê” de mãos dadas,
A certeza une, esclarece.

Algumas vezes ele muda,
Em substantivo se transforma
Ganha um ” chapéu” diferente,
Junta as mãos e forte se torna.

Não é só isso amiguinho,
Temos ainda um “porquê”,
Que também usa “chapéu”,
Eu vou explicar pra você.

Quando ele está no final,
Antes de um ponto qualquer,
As mãos ele separa
E um “chapéu” ele quer.

Com essa brincadeira,
De rima bem ensaiada,
Os “porquês” não sairão
Da memória da criançada.


Da minha cabeça eles não saíram mais!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Poetar

Uma das coisas que você ganha quando lê é o poder de conhecer o mundo. Isso todo mundo sabe, ou pelo menos quase todo mundo (menos aqueles que ainda não descobriram como é legal ler). Mas quando você começa a escrever você ganha um poder muito maior: você pode fazer o seu mundo. E isso é incrível!
Este ano conheci uma turminha muito especial. Eles gostam demais de escrever. E estão descobrindo que o melhor jeito de aprende a poetar é poetando, ou seja, temos poesia por todas as partes: nos cadernos, em folhinhas, nos finais das provas, em caderninhos...Quero compartilhar alguns presentes que ganhei de dois novos poetas: Thiago e Marina. Presente pra mim e presente pro mundo, porque a poesia é sempre muito bem-vinda! Deliciem-se!

A BAGUNÇA
A conheço como ninguém
Não posso a fazer de refém
Gosto de organização também
Mas cá entre nós:
organizar dá uma preguiça..


Estrela cadente
caindo direto
na palma da minha mão


E tem mais dois haicais que o Thiago fez (ele adora haicais):
Fato a fato
a história toda
é um boato


Lua nova no céu
aliança no dedo
e a boca no mel


E viva a poesia!